terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Igreja Nossa Senhora do Desterro - Desemboque

  IEPHA/MG APRESENTA: IGREJA DE NOSSA SENHORA DO DESTERRO – SACRAMENTO (DESEMBOQUE)

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O núcleo urbano de Desemboque foi um dos mais importantes e ricos centros de mineração e povoamento do Triângulo Mineiro no século 18, chegando mesmo a ser considerado o “berço” de toda a região. Testemunho dessa história e marca da fé e da saga dos bandeirantes é a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Desterro; templo singelo, porém autêntico exemplar da tradição arquitetônica regional.

Situada na parte mais baixa do povoado, a Igreja de Nossa Senhora do Desterro é rodeada por um cemitério localizado à sua frente e nas laterais, sendo todo o terreno cercado por murada de pedra. A antiga Matriz hoje impressiona mais por sua solidão em meio à belíssima paisagem. Estudos realizados pelo Iepha, à época do tombamento, apontavam, inclusive, a possibilidade de que a adoção do culto à Nossa Senhora do Desterro pudesse se referir ao isolamento da região.

Com poucos elementos documentais sobre sua construção, os autores do seu projeto e sua ornamentação interna são desconhecidos, assim como as datas de início e conclusão da obra. Pelas características, conclui-se que a construção tenha sido iniciada em meados do século 18, tendo o altar-mor a inscrição de 1762. Ao longo dos séculos 19 e 20, passou por sucessivas reformas, que não chegaram a comprometer sua arquitetura; e cujas datas foram registradas num dos tirantes da nave. A fachada, de linhas simples, parece trazer efeitos destas intervenções posteriores, impressos na estranheza da composição do frontispício.

A Igreja apresenta planta simples, constituída de nave, capela-mor, e sacristia lateral única, à esquerda. Detalhe interessante é o pequeno vão existente entre o corpo da nave e o da sacristia, deixando bem marcada esta diferenciação. A ausência de torres é compensada por uma sineira isolada, numa curiosa solução em madeira e vedada com adobe.

A ornamentação é das mais simples, constituída por cinco retábulos, púlpito, arco-cruzeiro e pia batismal em pedra sabão, além de imagens de Nossa Senhora da Conceição, São Sebastião e São Francisco de Assis.
O tombamento estadual da Igreja foi realizado pelo Iepha em 1984. No dossiê produzido, o Iepha destaca a simplicidade do bem e sua inserção harmônica na paisagem do entorno. “O maior valor do monumento está em integrar o conjunto paisagístico e arquitetônico do pequeno arraial remanescente do período colonial minerador”, registra o documento.

ignsradesterro-sacramento1Nossa Senhora do Desterro é muito venerada na Itália como a Madonna degli Emigrati, sendo padroeira daqueles que foram obrigados a deixar sua pátria para se refugiarem ou a fim de procurar trabalho no estrangeiro. 

De acordo com análise iconográfica da santa, feita pelo arquiteto e diretor do Iepha, Renato César de Souza, (http://www.iepha.mg.gov.br/banco-de-noticias/615-nossa-senhora-do-desterro), esta representação da Virgem está incluída no grupo da Sagrada Família em viagem para o Egito. “A devoção a Nossa Senhora do Desterro foi intensa no Brasil colonial, talvez por lembrar o exílio a que os portugueses se submetiam, deixando sua pátria 



FOTOS: Virgínia Dolabela / Divulgação

Referência: Dossiê de Tombamento da Igreja de Nossa Senhora do Desterro – Sacramento (Desemboque)



quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Casarão Benjamin Vieira

               Restaurado com recursos próprios pela Família Cirilo, descendentes de seu construtor, o Casarão Benjamin Vieira representa no município, a importância da Família Vieira na política, economia, educação e outros diversos aspectos do desenvolvimento de Sacramento, desde os tempos do Desemboque, nos primeiros anos do século XIX. Provenientes da antiga cidade de Queluz de Minas, atual Conselheiro Lafaiete, os irmãos Benjamin, Vicente de Paula, Laurindo, Maurício e a irmã Antônia, deixaram suas marcas e seus descendentes, não só em Sacramento, mas por todo o Brasil. 
             Agradecemos a todos da Família, através do Omar e da Sônia Cirilo, pelo grande exemplo que nos dão de preservação de nossa memória, história e valores.






terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Folia de Reis

Apresentação de Folia de Reis no Presépio - Praça da Matriz - dezembro 2011 

     A devoção aos santos reis se desenvolveu de um breve relato contido na Bíblia, em que o evangelista Mateus conta a saga de enigmáticos personagens que vieram do Oriente até Jerusalém visitar Jesus, ainda recém nascido. Neste texto mítico, porém não aparecem seus nomes, sua quantidade ou descrição física, sendo estes elementos construídos ao longo do tempo, através de relatos orais e da propagação de textos apócrifos. Considerados os primeiros a revelar a divindade do Cristo para o mundo, a devoção aos santos reis existe desde o cristianismo primitivo, mas se tornou oficial no século IV, quando foi determinado o dia 25 de dezembro como data simbólica para comemorar o nascimento de Jesus Cristo, e o dia 6 de janeiro para celebrar a visita dos três reis magos. Diversas imagens, pinturas e mosaicos retratam esses misteriosos personagens, mas foram os presépios que popularizaram a cena da visitação dos reis magos, a princípio na Europa Medieval, e depois ao redor do mundo. Foi também no medievo ibérico que as festividades da Natividade, conhecidas como Janereira ou Reisado, tiveram início, Na ocasião, um grupo formado por músicos, cantores e dançadores ia de porta em porta anunciar a chegada do Messias, homenagear os Três Reis Magos e fazer louvações aos donos da casa, que, em troca, ofereciam alimentos e dinheiro.


Apresentação de Folia de Reis no Presépio - Praça da Matriz - dezembro 2011 

      No Brasil, desde o início da colonização, a devoção aos Santos Reis Magos está presente, como indica a construção do Forte dos Reis Magos em Natal, em 1598. Desde o século XVI, a Folia, como a música e os autos teatrais, foi usada pelos jesuítas para catequese dos índios e, com a consolidação da colonização, esses rituais disseminaram-se por todo o país. Hoje em dia, a festividade está presente em Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Nordeste. A forma de manifestação e os seus personagens variam dependendo da região em que a festa é realizada, porém, de modo geral, os grupos acompanham uma bandeira, estandarte da Folia, seguida por um conjunto de músicos que narram, por intermédio de cantos, a história do nascimento de Jesus.
      A região de Sacramento foi colonizada no século XVIII, com grande vocação rural, através inicialmente da mineração e logo após, com a agropecuária. Neste contexto a Folia de Reis foi trazida e se tem relatos da manifestação no século XIX em algumas comunidades, permanecendo até hoje, como o caso dos Pinheiros e Desemboque.
    Com o êxodo rural, as Folias de Reis se transformam e se adaptam a zona rural, sem perder as suas características de formação, música e canto.
      Os encontros de Folia de Reis se iniciam em 1983, inicialmente em âmbito municipal e a partir de 1988, é ampliado passando a ser regional. Em 2011 foi realizado o XXIII Encontro Regional de Folia de Reis de Sacramento com a presença de mais de cinqüenta Folias.

Apresentação de Folia de Reis no Presépio - Praça da Matriz - dezembro 2011
Apresentação de Folia de Reis no Presépio - Praça da Matriz - dezembro 2011
Fotografias: Virgínia Dolabela (FCT)


Referências: